#PlayMonday (21/12/2015)

Play Monday - Quinto!

A segunda-feira do mês mais desejada!

Hoje o nosso Brincar consistiu em manipular marionetas de sombras e criar uma história “à la minute”!
E aqui está! Como será que podemos brincar?
Começámos por apresentar aos utentes as nossa marionetas de sombra para que os nomes fossem escolhidos e posteriormente decidido que papel teriam na história.

Assim sendo as nossas primeiras quatro personagens:
Manuel Pastor
Mimi (das meias altas)
Joana
João

Depois de os nomes estarem escolhidos fomos brincar!
Nesta primeira parte, era eu e a Raquel que manipulávamos as marionetas de acordo com a história contada pelos nossos utentes, de forma a facilitar o início do nosso Brincar.


A Srª C. começou: “Era uma vez, uma menina chamada Mimi que ia para a escola pela estrada fora. Quando olhou para o lado viu um senhor que tinha um rebanho de ovelhas e que gostava muito de cantar.”
A Srª C.B. acrescentou: “A menina perguntou ao senhor se ele podia cantar para ela e ensinar-lhe aquela música. E o senhor ensinou, pelo que começou a cantar:
Toda a vida fui Pastor
Toda a vida guardei gado
Tenho uma cova no peito
De me encostar ao cajado.”

(Riso geral!)

A Srª M continuou: “A menina agradeceu ao Manuel Pastor e continuou caminho para a escola. Foi a correr porque já estava atrasada. Assim que chegou a escola pediu desculpa à professora pelo atraso e esta exigiu que não se voltasse a repetir, mas que mesmo assim estava desculpada.”
O Srº A disse: “E na escola a menina brincou muito.”
A Ângela perguntou: “E terão brincado a quê?”
Srº A: “Brincou à “cabra-cega”!”.

E a Sr. C. acrescentou: “Depois de brincar foi apanhar flores. Mas apareceu um senhor que se zangou com a menina por ela estar a apanhar flores, mas a menina respondeu que as flores eram para a sua mãe porque ela fazia anos hoje. A Mimi voltou para casa, ofereceu as flores à mãe que ficou muito contente. Depois foram almoçar e a menina mais tarde fez os trabalhos da escola com a ajuda da mãe. 
À noitinha, o Manuel Pastor voltou para casa e jantou com toda a sua família.”

Eis que a Srª C.B. sugere: “E se todos afinal fossem da mesma família?”
Assim sendo reformulámos a relação entre todas as personagens! O Manuel Pastor passou a ser pai do João. O João passou a ser marido de Joana e a Mimi filha de João e Joana e neta de Manuel Pastor. Depois de tudo no seu devido sítio:
A Srª M continua: “Como a Mimi não queria dormir, o avó contou-lhe uma história.”
“E que história seria essa?” perguntou a Ângela.
O Srº J. tentou começar, mas depois disse que era melhor ser outra pessoa a contar porque agora que pensava no assunto, não achava que fosse bom contador de histórias…
A Srª C. disse que o ajudava e começou a contar a história do “Capuchinho Vermelho”.
E assim foi, até a menina Mimi adormecer.
Entretanto chegou o marido da Srª C.B. que vinha fazer-lhe uma visitar e acabou por se sentar e assistir ao nosso teatro brincante.


"INTERVALO"

Srª C.B.: “O Manuel Pastor, depois de contar a história à neta, foi à procura da sua esposa mas não a conseguia encontrar. Procurou e procurou e nada. Até que o seu filho João apareceu e perguntou de quem estava ele à procura. O Manuel Pastor respondeu que era da sua esposa. Mas a sua esposa já tinha falecido. E ele não se lembrava disso.”
Então a Raquel perguntou: “E porque não se lembrava ele que a sua esposa já tinha falecido?”
A Srª M respondeu: “Porque tinha Alzheimer.”
A Srª C.B. continua: “Então, a Joana, nora do Manuel Pastor, que gostava muito dele, ajudou-o a ir deitar-se, porque já era muito tarde. Foram então todos dormir e sonharam muito.”
Eu perguntei: O que terão sonhado as nossas personagens durante a noite?
A Srª C. respondeu: “A menina sonhou com brinquedos, com a escola e com uma bicicleta, porque ela queria muito ter uma bicicleta. Todas as meninas na escola tinham uma e ela não.”

E foi aqui que a Srª C.B. e a Srª C. ganharam coragem e começaram a manipular as nossas marionetas de sombra. Aqui o Brincar ficou muito mais especial!
Contaram então a história entre o avó Manuel Pastor e a sua neta Mimi que queria uma bicicleta.
Srª C.: “Olá avozinho! Como estás? Queria tanto uma bicicleta! Podias oferecer-me?”
Srª C.B.: “Minha netinha, não tenho muito dinheiro, mas vou tentar oferecer-te a bicicleta. Vou vender duas ovelhas para comprar a bicicleta!”
Srª M.: “Entretanto entra o pai da Mimi e zanga-se com o Manuel Pastor, porque ele não devia oferecer a bicicleta, porque já não tem idade de comprar essas coisas, porque já está muito esquecido.”
Aqui a Ângela perguntou ao Srº A., o que poderia dizer mais o filho ao pai: "Invente o que quiser Srº A.! Solte a imaginação!” O Srº A. aqui ficou um bocadinho nostálgico, porque se lembrou do seu pai: “não diria nada porque o meu pai já morreu há muitos anos, arranjem outra brincadeira para mim. Desculpem, mas não consigo.”

E todos respeitamos este momento do Srº A., que ficou a assistir ao resto do nosso teatro, mas sempre muito pensativo.


A Raquel acrescenta, fazendo a voz de João: "Agora o meu velho pai quer comprar uma bicicleta à minha filha… bem, mas o meu pai é um homem sábio, ele não andou na escola, ele não sabe ler nem escrever, mas é doutorado na escola da vida. O que faço ao meu pai? Ele está doente…"
Então a Srª C. diz que “João e a Joana, conversam sobre esta situação, sobre qual será a melhor maneira de cuidar do pai Manuel Pastor, se teria de ser internado, se iria para um Lar… e resolvem que o melhor será ele ficar em casa, com a ajuda de João e Joana, porque ele, apesar da sua doença, ainda cuida das ovelhas sozinho.”

A Srª C.B. acrescentou: “Então a Mimi pergunta ao pai e à mãe porque o avô se esquece de algumas coisas. Será porque ele tem quase 100 anos? O pai responde que o avô está doente e é por isso que se esquece.”

Raquel: “O meu avô pode esquecer-se de muitas coisas mas eu continuo a gostar muito dele! Eu adoro o meu avô! Vamos avô, vamos ver as tuas ovelhas, porque está um dia muito bonito.”
Srª C.: “Olha que boa ideia, vamos minha neta! Vamos!”

E assim terminou a nossa grande história improvisada com os nossos utentes satisfeitos com todo o enlace e final (mesmo o Srº A. que no fim já estava mais animado).
No início, quando entrámos na sala com as marionetas, os nossos utentes estavam um pouco mais tímidos, mas depois, foi-se tornando tudo mais fácil e divertido.
Chegámos à conclusão que queríamos fazer mais teatro de sombras, com mais personagens e objectos!

Foi muito interessante ver, ao longo deste teatro de sombras, a descrição do dia-a-dia dos nossos utentes, de há muitos anos atrás e a relação com a sua família, bem como os seus receios depois de começarem a depender da ajuda de terceiros para as suas actividades de vida diárias. Tudo isso acabou por estar presente nesta história.

Agradecimento, como sempre, às minhas colegas!

(Agradecimento extra à Raquel que nos emprestou o seu projector, e à Joana, que filmou e fotografou!)

[ENGLISH]